ENTREVISTA

Os Marqueses da Subserra andam a preparar “Condomínio Fechado” 
Um grupo de teatro amador de pé descalço com muito orgulho 


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Os “Marqueses da Subserra”, um grupo da freguesia de São João dos Montes, concelho de Vila Franca de Xira, trabalham por amor ao teatro e recusam qualquer tipo de apoio para trabalhar com liberdade e prazer. Comédia, claro está, que de drama está o dia-a-dia cheio.


“Os Marqueses da Subserra” já andam a ensaiar a próxima peça que tem estreia marcada para 3 de Junho. É no Clube Recreativo da Subserra, freguesia de São João dos Montes, concelho de Vila Franca de Xira, que se reúnem há três anos. O teatro que é feito por “carolice” tem sempre a casa cheia no dia das estreias.
O grupo de teatro amador não tem qualquer tipo de apoio institucional e assim pretende continuar. Alguns elementos dizem que precisam de mais equipamentos a nível técnico, como uma aparelhagem ou um bom sistema de luzes, outros pedem com humor uma cabeça nova para ajudar a decorar os textos. “Nos moldes em que trabalhamos não nos falta nada. Somos amadores de pé descalço, com amor à camisola”, garante a encenadora e também presidente do Clube Recreativo da Subserra, Nélia Picanço.
Não se pretendem candidatar a qualquer tipo de apoio porque não se querem sujeitar às regras que costumam exigir nos protocolos. Um espectáculo por ano, preparado com toda a calma do mundo, é o que anima este grupo de apaixonados pelo teatro.
Tudo começou quando um sócio do Clube Recreativo da Subserra sugeriu a criação de um grupo de teatro para apresentar uma peça. O sucesso foi tão grande que todos decidiram continuar. Mais de 90 por cento do elenco também integra a direcção do Clube Recreativo da Subserra, o que implica que em algumas alturas não se possam “ver uns aos outros”. Tirando um ou outro apontamento de teatro que já realizaram estrearam até agora duas peças de teatro – “Negócio de Família” e “É uma Escola Portuguesa com certeza”.
Há muitos problemas de indisciplina no grupo, garantem os marqueses que se classificam como “malucos”, “desordenados” e “desalinhados”. No total são cerca de 16 pessoas, com idades compreendidas entre os 16 e os 75 anos. Encontram-se uma ou duas vezes por semana à noite no clube e estão até a “cabeça deixar de trabalhar”.
Do que mais gostam é de ver a casa onde ensaiam a encher com cerca de 200 pessoas sempre que estreia uma peça. Já existe uma pequena comitiva que segue o grupo para todo o lado. Entre os momentos mais divertidos recordam a estreia da primeira peça, “Negócio de Família”. Idalina Gomes estava atrás das cortinas e começou a soluçar sem conseguir parar. Rúben Serreira estava pálido, quase à beira do desmaio. Mostram um dos papéis que costuma circular no camarim nos dias de espectáculo: “Há que manter a calma, a descontracção e a estupidez natural”. É quase sempre assim em qualquer apresentação com público mas lá conseguem levar o espectáculo até ao fim.
Todas as peças saem das mãos da encenadora Nélia Picanço. “Os textos que levamos ao palco tratam do dia-a-dia de cada um, das experiências vivenciadas por todos”, garante, apresentando sempre espectáculos cómicos porque para “drama já basta o dia-a-dia de cada um”. Para o futuro desejam continuar com o amadorismo e a receber o reconhecimento no concelho de Vila Franca de Xira.
“Condomínio Fechado” vai estrear a 3 de Junho. Toda a peça decorre no interior de um prédio e promete, a julgar pelos ensaios, arrancar muitas gargalhadas ao público. “Fora de cena quem não é de cena abram o pano que ‘Os Marqueses’ querem passar”, lê-se no blog do grupo -http://teatromarqueses.blogspot.com/. Lá estará o público a abarrotar no Clube Recreativo da Subserra para deixar passar os Marqueses.
O MIRANTE - 31 Março 2011